sábado, 22 de junho de 2013

Une petite Histoire, de Nuno Jardim Fernandes, artigo do DN do dia 15 de junho 2013


Nuno Jardim Fernandes
 
No rescaldo da minha colaboração anterior nesta coluna, algumas pessoas amigas, e outras da profissão, alertaram-me para o facto do mercado francês (era o tema) para a Madeira não ser bem aquilo que se pensa, ou seja, que predominam aqui os segmentos do mercado de menor poder de compra e que, como tal, adquirem programas «mais em conta», deixando na região menos receita por turista que outros mercados como o inglês ou o alemão.
Dada a importância que atribuo ao mercado francês e ao seu desenvolvimento no destino Madeira, permitam-me que discorde e alerte para a conveniência da continuidade da promoção da Madeira em França, naturalmente procurando aumentar a notoriedade e, em consequência, captar extractos do mercado de maior valor acrescentado.
É verdade que é mais comum ser a gama média do mercado a procurar os destinos de férias dos segmentos superiores, por efeito de imitação, e suscitar o aparecimento de uma oferta adequada ao seu posicionamento. Mas, também é verdade que, embora menos frequente, o contrário também se verifica.
Ninguém nega hoje que a imagem de Portugal em França foi muito condicionada pelas «concierges» portuguesas que povoaram os condomínios da capital francesa, mas também é verdade que, passados anos, os seus «patrões» tiveram curiosidade em conhecer o seu país de origem e que acabaram por reconhecer que o posicionamento que Portugal tem hoje é bem diferente daquele que lhes fora transmitido por esses mensageiros. Ao ponto de um filme («La cage dorée») realizado por um luso-francês, que retrata a saga da imigração portuguesa em França, ganhar foros de popularidade mesmo junto dos espectadores franceses.
Ou seja, se alavancarmos a notoriedade que o destino Madeira vai tendo em França, por força das operações da Aigle Azur, da Transavia, e da própria TAP, e soubermos encontrar os canais adequados para captar segmentos superiores do mercado veremos que a diversidade compensa e que preencher quartos, em particular fora da zona do Funchal, pode ser uma vantagem e uma agradável compensação. Que o digam os hoteleiros que dele beneficiam…
Permito-me, a propósito, contar uma pequena história de quando era um estudante em férias no Seixal ao ser abordado por um turista francês que me perguntou onde podia acampar, ao que logo respondi, «em minha casa», fornecendo-lhe, não um local para acampar, mas o que considero ser «uma boa cama e uma boa mesa», em família. Ficámos amigos até hoje sendo ele um reputado médico especialista no Hospital de Bordéus.
O que me levou a proceder assim? Desde logo, a estranheza de ter alguém acampado na minha pequena freguesia, algo inédito á época, mas, mais do que isso, foi o sentido da partilha «com quem vem de fora» e o prazer de poder praticar uma língua que sempre admirei desde os tempos do Liceu em que tive o privilégio de ter como professora a Dra. Margarida Camacho.
O que concluir desta pequena história? Que «as moscas apanham-se com mel», logo, se eu quero ter uma vantagem competitiva na atração de franceses na minha terra ou na minha unidade tenho de dar o meu melhor e adaptar-me á sua cultura e aos seus costumes para saber como sensibilizar as suas diferentes camadas de população para umas férias na Madeira.
Como é óbvio, a comunicação institucional deve ter em conta esta particularidade e tentar posicionar o destino num patamar superior, em termos de imagem a ser apreendida» pelo segmento superior do mercado e que arraste ao mesmo tempo os restantes segmentos que não terão dificuldade em encontrar programas à sua medida. 

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